U.Leiria 1 - Académica 2
Estádio Municipal da Marinha Grande
Liga Zon Sagres
15-08-2011 - 20:15
Espectadores: 2216
M U.L.: Bruno Moraes
M ACC: Marinho
Árbitro: Cosme Machado (4)
Crónica:
AAC-OAF: Dizem que, no futebol, não há nada melhor do que vencer e convencer. Foi precisamente isso que aconteceu à Briosa na primeira jornada da Liga ZON Sagres. Na Marinha Grande, frente ao UD Leiria, a turma orientada por Pedro Emanuel bateu os leirienses por 2-1 e assumiu a liderança do campeonato, juntamente com FC Porto e Vit. Setúbal, as duas outras equipas que também venceram nesta jornada.Antes do apito inicial cumpriu-se a praxe e João Dias, Abdoulaye e Danilo levaram com o canelão naquele que seria uma belo prenúncio para o que se viria a passar dentro das quatro linhas. A UD Leiria até chegou primeiro ao golo, após um penalti convertido por Bruno Moraes mas a Briosa sempre se revelou como a melhor equipa em campo.
Organização, competência e garra, muita garra, foram os ingredientes de um triunfo bastante saboroso mas que só aconteceu no último quarto de hora. Marinho entrou para o lugar de Sissoko e mexeu com o jogo: iniciou a jogada do primeiro e segundo golos. No tento do empate louve-se a assistência de Éderzito para Danilo que encheu o pé e bateu o desamparado guardião leiriense. Melhor estreia era impossível.
Com muitos adeptos da Académica a festejarem ainda o empate, Marinho voltou a fazer das suas. Roubou a bola a Hugo Alcântara, tentou o golo, mas a bola foi para Éderzito facturar e festejar junto à Mancha Negra que se fez representar em excelente número.
O texto acaba como termina. A Briosa venceu e convenceu. Dentro e fora das quatro linhas. Porque nas bancadas só se ouvia A-CA-DÉ-MI-CA!
MF: Pedro Emanuel sai a sorrir do primeiro jogo como treinador principal. A Académica esteve a perder na Marinha Grande, nova casa da União de Leiria, mas conseguiu, com justiça, dar a volta ao marcador neste «derby» da Região Centro. Junta-se, por isso, a F.C. Porto e Vitória de Setúbal no lote de líderes (em igualdade com os sadinos nos golos).
A União de Leiria voltou a iniciar o campeonato em falso, e não vence uma jornada inaugural desde 2000/01. Pedro Caixinha tem algum trabalho pela frente, dado o elevado número de caras novas, mas a maratona ainda agora começou.
A continuidade como trunfo
Talvez por ter menos reforços no «onze», a Académica entrou melhor no encontro. Estavam cumpridos apenas três minutos apenas quando Diogo Valente acertou na trave da baliza defendida por Luiz Carlos (Gottardi ficou no banco, devido a problemas físicos). A equipa do estreante Pedro Emanuel procurou desde logo assumir as despesas de jogo, enquanto que a União de Leiria revelava mais dificuldades na ligação entre sectores.
A reacção da equipa da casa foi liderada por Jô. O avançado brasileiro começou por dar nas vistas com uma dupla ocasião, ao minuto 16, e depois conquistou a grande penalidade. Um erro de Hélder Cabral, que Bruno Moraes não enjeitou (26m). O lateral esquerdo da Académica quase se redimia a dois minutos do intervalo, mas o remate cruzado saiu ligeiramente ao lado. Ainda antes do descanso errou Diego Gaúcho, mas Luiz Carlos evitou que Éder aproveitasse para fazer o empate.
Reviravolta merecida
O avançado luso-guineense foi ainda mais perdulário no início da segunda parte, ao falhar um golo que parecia feito (55m), mas haveria depois de justificar a alcunha de «Éderbayor». A doze minutos do fim assistiu Danilo para o golo do empate, e pouco depois apontou o golo da vitória (81m), aproveitando um erro de Hugo Alcântara, que perdeu a bola para Marinho. O extremo ex-Naval foi, de resto, também um dos principais impulsionadores da reacção da Briosa.
A U. Leiria ainda teve a ilusão do empate, mas Diego Gaúcho cabeceou para o fundo da baliza em posição irregular. A vitória da Académica é justa, tendo em conta aquilo que a equipa de Pedro Emanuel fez não apenas em desvantagem no marcador, mas também nos minutos finais.
Destaques
A figura: Éder«Éderbayor», como lhe chamam os adeptos, confirma as boas indicações deixadas ao longo da pré-época. Esteve perdulário no final do primeiro tempo e logo após o reatamento, mas depois assumiu protagonismo na reviravolta. Assistiu Danilo para o empate e apontou o tento da vitória. Continua em clara evolução.
A desilusão: Hugo Alcântara
Responsabilidades óbvias na derrota, ao perder a bola em zona proibida, no lance que resulta no golo da vitória da Académica. Experiente, cometeu um erro totalmente escusado, que mancha uma exibição que até estava a ser regular. Hélder Cabral tinha feito o mesmo na primeira parte, ao provocar a grande penalidade que deu vantagem à U. Leiria, mas o central brasileiro regressa a casa com maiores lamentos.
O momento: minuto 81
Com o jogo empatado a uma bola, e o apito final a aproximar-se a passos largos, Hugo Alcântara lembrou-se de tentar sair a jogar na zona recuada. Erro crasso, que custou pontos à U. Leiria. O central brasileiro perdeu a bola para Marinho, e o lance acabou por resultar no golo de Éder, que garantiu a vitória da Académica no «derby» da Região Centro.
Outros destaques:
Jô:
Estreia bem positiva do avançado que a União de Leiria descobriu no Juventus (Brasil). Sofreu a grande penalidade convertida pelo parceiro de ataque, Bruno Moraes. Mais móvel que o compatriota, andou sempre fugido à defesa da Académica. Rápido e tecnicista, deixou boas indicações na primeira aparição oficial.
Marinho:
Entrou quando a Académica estava a perder, a conseguiu agitar o jogo, contribuindo para a reviravolta com participação activa nos dois golos.
Élvis:
Ao contrário de Jô, não teve uma estreia muito feliz. O médio cedido pelo Benfica raramente se conseguiu libertar para assumir a condução do ataque leiriense. A qualidade técnica está lá, mas parece precisar de tempo para tentar adaptar-se ao futebol português.
Opiniões
Pedro Emanuel (Académica):
«O topo da tabela pouco nos diz»
Técnico da Briosa enaltece a postura da equipa na reviravolta diante da U. Leiria, que permitiu chegar ao primeiro lugar da classificação, mas aponta à outras batalhas
Mais do que o resultado (1-2), favorável aos estudantes, Pedro Emanuel ficou satisfeito sobretudo pelo desempenho dos seus jogadores na Marinha Grande. «Estava à espera do comportamento que a equipa teve e do compromisso que os jogadores têm revelado desde o início. Felizmente, resultou numa vitória, moralizadora para todos. Arrancar bem é sempre importante», destaca o jovem técnico, no lançamento da estreia em casa, este domingo, diante do Rio Ave.
Com apenas uma jornada, qualquer triunfo costuma levar as equipas à liderança. Aconteceu com a Académica mas a luta dos estudantes é outra: «O topo pouco nos diz, o que interessa é o trabalho diário e acreditar no que fazemos. O campeonato é uma competição de regularidade, não tem uma, duas ou cinco jornadas, tem 30. Há que criar estabilidade exibiccional para o conseguir ao nível pontual. Essa é a nossa preocupação. Nem agora somos os melhores do Mundo, nem para a semana seremos os piores.»
Seguindo a mesma ideia, Pedro Emanuel acredita que o plantel terá sempre os pés bem assentes no chão: «Espero que sim. Porque o nosso discurso é de experiência em relação a início de campeonatos. É moralizador, motivante, estarmos assim, mas há muito trabalho por fazer, não é em seis semanas que se consegue tudo o que queremos. Estamos numa fase evolutiva e os atletas revelam-se disponíveis para essa aprendizagem. Só assim podemos ter uma equipa forte, competitiva e capaz de fazer jus àquilo que representa a Académica.»
Depois de ganhar ao Leiria, a Briosa pode conseguir igualar um feito com mais de 40 anos: vencer nas duas primeiras jornadas do campeonato. A perspectiva agrada, obviamente, ao treinador, mas não passa de um detalhe: «É como o facto de nos últimos 20 jogos, só termos ganho quatro ao Leiria. 40 ou 50 anos, não interessa, são estatísticas, valem o que valem. Mais importante é estarmos preparados e com um espírito muito forte para levar os três pontos diante de equipa que vai querer o mesmo.»
Pedro Emanuel assume, assim, o desejo de duplicar as vitórias na Liga, agora em casa, perante um adversário que «teve uma óptima campanha no ano passado, manteve o grosso do plantel, está bem orientada e tem jogadores experientes». «Antevemos um jogo difícil mas queremos marcar uma posição e trabalhar no sentido conquistar os três pontos para merecer o carinho que nosso adeptos nos vão dedicar.»
Orgulho por Cedric... e pelos outros
A carreira da selecção de sub-20, que atingiu a final do respectivo Mundial, também não passou ao lado do técnico, conhecedor dos métodos do seleccionador nacional: «É sempre importante estarmos em finais. Conheço perfeitamente o trabalho do Ilídio e isto não é uma surpresa. É rigoroso e acredita no que defende. Transmitiu bem a mensagem aos jogadores, porque forma de jogar da equipa é a imagem dele. Estão na final. Podem fazer história e isso vai valorizar ainda mais os atletas. Parabéns ao grupo, que foi desvalorizado e provou ter condições para lutar contra essas desconfianças.»
Presente nessa final estará Cédric, jogador da Académica, por empréstimo do Sporting, o que deixa o treinada da Académica ainda mais satisfeito. «Todos os clubes estarão orgulhosos, é para isso que trabalhamos. Estive num clube onde trabalhei com vários desses jogadores. Quando estão em causa finais, vem ao de cima todo este trabalho invisível que desenvolvem os clubes.»
Pedro Caixinha (U. Leiria):
Pedro Caixinha dirigiu fortes críticas aos seus jogadores, dizendo que o grupo nunca funcionou como equipa, no flash-interview da Sport TV. Já Pedro Emanuel, da Académica, gostou do que viu na sua estreia como treinador principal:
«O que falhou no jogo foi que nunca conseguimos ser uma equipa. A Académica entrou melhor e nós marcamos, de penalty, quando, se calhar, não o justificávamos. Quando pensámos que íamos ganhar algum ânimo, continuamos ansiosos e a cometer erros. Tentámos rectificar ao intervalo, mas não conseguimos e os erros individuais ditaram o resultado final. Quando perco nunca fico satisfeito. Nem gostei dos reforços nem da equipa. Estivemos mal como equipa. Tivemos erros que não podem voltar a acontecer. Assumo a responsabilidade porque sou eu que os treino e que passo as mensagens, mas esta forma de estar não pode voltar a acontecer.»
Marinho - AAC:
Marinho entrou e revolucionou o futebol da Académica. No final comentou desta forma, à Sport TV, as incidências da partida:
«O objectivo era a vitória e uma boa exibição. Estou muito feliz porque foi uma estreia da melhor forma. Pedro Emanuel? O mister foi, durante muitos anos, uma referência como jogador pela entrega e dedicação e tem sido esse o objectivo e a mensagem que nos tem transmitido. Conseguimos dar a volta contra uma equipa que tem muita qualidade. Era muito importante começar a ganhar, porque o campeonato vai ser equilibrado e é preciso conseguir amealhar pontos rapidamente.»
Árbitro:
Cosme Machado - nota 4.
O árbitro Cosme Machado não teve um critério uniforme no capítulo disciplinar.
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