A Académica foi eliminada esta quinta-feira da Taça de Portugal ao perder por 1-0 no Estádio dos Arcos, diante o Rio Ave, numa partida que fica marcada pela inexistência de condições para a prática de futebol. Num campo em muito mau estado, a Briosa não conseguiu levar de vencida um Rio Ave que pouco ou nada fez para merecer o triunfo, mas que segue para a fase seguinte da competição.
Apesar de não ter actuado em Coimbra, mais parecia que a Académica estava a jogar em casa, tal foi o apoio que os adeptos da Briosa deram à sua equipa. Estava, com toda a certeza, mais público afecto aos "estudantes" que ao Rio Ave, numa prova viva da confiança que esta formação atravessa.
Contudo, o que certamente não estava nos planos foi o relvado, se assim se pode chamar, do Estádio dos Arcos. Sem qualquer hipótese de fazer uso da sua estratégia e da qualidade dos seus jogadores, restava à Académica lutar com o coração para travar uma equipa habituada a estes terrenos e que usa o pontapé para a frente como arma mais perigosa.
E assim foi durante todo o jogos, com a Académica a ser senhora do desafio e a dispor de muito boas ocasiões para inaugurar a contagem. A pontaria dos avançados da Briosa não foi a melhor e disso se aproveitou o Rio Ave que marcou por intermédio de Braga, já no decorrer da etapa complementar. Os "estudantes" ainda tentaram reagir, mas sem efeito.
Com esta derrota, a turma orientada por Sérgio Conceição fica fora da Taça de Portugal e centra as suas atenções no campeonato, onde na segunda-feira defronta o Estoril.
espectadores:
árbitro: Hugo Miguel
Crónica
O Rio Ave está nas meias-finais da Taça de Portugal, depois de um triunfo sofrido e à tangente, por 1-0, sobre a Académica.Foi um jogo fraco, excessivamente calculista, com receios mútuos e pouca imaginação.
Sim, é verdade: o mau estado do relvado também não ajudou. Mas a culpa principal do mau espetáculo foi mesmo dos protagonistas.
A primeira parte, então, foi de uma pobreza franciscana. Oportunidades quase inexistentes, ritmo lento, escassa emoção.
Um dos sinais do espetáculo pobre até ao intervalo foi o facto dos melhores jogadores de cada conjunto terem sido os laterais. E, curiosamente, os laterais-direitos: Lionn, do lado do Rio Ave (bons cruzamentos e claro balanceamento ofensivo), e Marcelo Goiano, por parte da Académica.
No segundo tempo, o jogo melhorou ligeiramente. Depois de uma primeira metade com sinal mais do Rio Ave, a Académica dava mostras de também querer tentar a sua sorte antes dos 90 e ensaiou alguns lances ofensivos.
Num deles, após canto, Tiago Pinto desviou a bola sobre a linha, evitando à pele o 0-1. Pouco depois, Salvador Agra remata a rasar o poste.
Na resposta, Ukra, primeiro, e Braga, depois, quase fizeram o 1-0.
O jogo abriu, as equipas arriscavam mais. Mas o tempo passava e muitos já auguravam o prolongamento.
Até que Ricardo, que estava a fazer boa exibição, decidiu facilitar. O guarda-redes da Académica saiu dos postes, e bem, para evitar lance de perigo de Hassan, mas «ofereceu» a bola a Braga, ainda muito longe dos postes. O médio-ofensivo agradeceu e fez o 1-0.
O Rio Ave festejou a passagem sem ter feito grande exibição. Mas a noite (fria), o campo (mal tratado) e as equipas (desinspiradas) não estavam para notas artísticas.
Destaques
Ricardo a facilitarO jogo já caminhava para o prolongamento, mas o Rio Ave começava a acreditar. Ricardo, que até estava a fazer boa exibição e é sem dúvida um guarda-redes a seguir com atenção, antecipou-se a Hassan, mas facilitou no alívio e ofereceu o golo a Braga.
POSITIVO
LionnLateral com características ofensivas, deu profundidade ao corredor direito e empurrou a equipa de Vila do Conde. Fez bons centros para a área, sofreu falta para dois livres perigosos, mas foi faltando capacidade concretizadora dos avançados do Rio Ave para marcar.
Braga
O médio-ofensivo do Rio Ave já ameaçara marcar, minutos antes, mas Ricardo impedira o 1-0. Braga não desistiu e, aos 78, agradeceu a oferta do guarda-redes da Académica, assinando o golo da qualificação.
Marcelo Goiano
Assinou a única tentativa de remate da Académica na primeira parte. Esteve em cima das movimentações de Hassan, foi competente a defender e participou nas (poucas) ações ofensivas da equipa.
Salvador Agra
Ainda a procurar a integração na nova equipa, tentou mostrar serviço, sobretudo na segunda parte, altura em que assinou lance rápido, pela esquerda, concluído com remate a rasar o poste...
NEGATIVO
Primeira parteFoi um jogo muito calculista, com as duas equipas a assumir demasiado o receio de sofrer um golo e, com isso, ficar em posição particularmente difícil de sonhar com as meias-finais. Os primeiros 45 minutos, então, foram desérticos em ocasiões reais de golo, apesar do maior balanceamento ofensivo do Rio Ave.
Estado do relvado
As condições climatérias têm sido muito adversas, mas é uma pena que um jogo dos quartos-de-final da Taça, entre duas equipas que até praticam bom futebol, tenha sido tão afetado pelo mau estado do relvado.
Opiniões
Nuno Espírito Santo, treinador do Rio Ave, após o triunfo sobre a Académica:«Filipe Augusto não jogava há muito tempo. Tínhamos algumas dúvidas quanto à sua resposta e, essencialmente, a recuperação do departamento médico foi excelente. Foi um reforço que ganhámos»
«Temos um plantel muito equilibrado, com soluções. Em janeiro fizemos boas mexidas, ficámos mais fortes»
«A Académica fez o seu jogo, tem boa equipa, sabíamos disso. Não temos um futebol do estilo direto, temos jogadores que querem jogar»
Sérgio Conceição: «O Ricardo já fez grandes exibições»
Treinador da Académica iliba o seu guarda-redes
«O Ricardo é um dos três melhores guarda-redes portugueses, está a fazer época em grande. Já fez grandes exibições e apenas cometeu um erro»
«Cometeu um erro, como todos nós cometemos. Os colegas dele também cometeram, eu como treinador cometo... Não faz sentido estar a culpabilizar o Ricardo por um erro»
«É uma desilusão muito grande, porque tínhamos o sonho de seguir em frente. Com este relvado, era difícil fazer melhor»
«Era mais justo o prolongamento, o Rio Ave só teve até ao golo um outro lance do jogador Braga»
«Estes jogos decidem-se pelos detalhes. No jogo para o campeonato, em Coimbra, com esta equipa, sofremos um golo contra a corrente. Temos que estar mais atentos aos pormenores»
«Com este campo, não há estratégia tática que resista. O jogo fica feio para quem vê, também...»
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