Cesarense 1 - Académica 2
Taça de Portugal Millenium- 3ª Eliminatória
Estádio do Mergulhão - Cesar
17-10-2010- 15h
Cesarense: Marco; Américo, Diogo, Careca (Letz 108') e Hugo; André Moreira, Hélder e Toninho; Renan (Ricardinho 64'), Joca e Mauro (Ayrton 84')
Suplentes: David, Tiago, Steeve e Eduardo.
Treinador: José Pedro
Académica: Peiser; Pedro Costa, Luiz Nunes, Berger e Hélder Cabral; Pape Sow ( Bischoff 63'), Diogo Melo e Hugo Morais; Laionel (Júnior Paraíba 91'), Miguel Fidalgo (Éder 63') e Diogo Valente.
Suplentes: Ricardo, Amoreirinha, David Addy, Diogo Gomes.
Treinador: Jorge Costa
Ao intervalo: 0-1
Aos 90': 1-1
Marcadores: Diogo Valente 27', Toninho 54', Amaury Bischoff 120'
Árbitro: André Gralha (AF Santarém)
CA: Pape Sow 56', Renan 57', Pedro Costa 72', Hélder Cabral 74', Diogo 75', Luiz Nunes 83', Éder 98', Berger 120'.
CV:
Espectadores: 2500 (nº provisório)
Crónica
As medidas de austeridade adoptadas pela Académica de Coimbra iam explodindo nas suas próprias mãos. Só um pontapé de Amaury Bischoff aos 120 minutos, genial e injusto, afastou o Cesarense da Taça de Portugal.
Os estudantes cortaram na entrega, na despesa física e na beleza do futebol. Foram quase sempre inferiores a um oponente teoricamente mais fraco e não mereciam, longe disso, tamanha recompensa.
Objectivamente, ninguém ousaria dizer que há dois escalões a separar Cesarense e Académica. Por um dia, um domingo especial, o apartheid futebolístico deixou de fazer sentido. Não houve segregação ou preconceito de qualquer espécie no relvado do Mergulhão. Prova mais do que provada que esta Taça de Portugal ainda é o arauto da democracia do nosso futebol.
Relva amarelada e irregular, uma única bancada, o peão recheado de gente e um entusiasmo genuíno e incontrolável nas gentes de Cesar. Bem-vindos ao país real, ao Portugal do futebol autêntico e à terra onde o «nunca» é palavra proibida.
Neste enquadramento há coisas bem mais importantes do que a táctica. Lembramo-nos de umas quantas, tantas vezes confundidas com lugares-comuns: atitude, concentração, superação dos limites. Uma equipa que beba estes antídotos, uma espécie de cocktail mágico, merece o respeito e a consideração máxima dos opositores.
O Cesarense sorveu sôfrego o elixir composto por três palavras e a Académica sofreu a bom sofrer.
O milagre de Peiser antes da aparição de Bischoff
Do equilíbrio inicial sobrou apenas o golo de Diogo Valente, competente a aproveitar algum deslumbramento dos cesarenses. O resto foi equilíbrio, luta, entrega e despique olhos nos olhos. E se, até ao intervalo, pouco havia a apontar à Académica, na segunda parte a conversa muda de figura.
O Cesarense foi muito, muito superior na etapa complementar, e merecia bem mais do que o golo de Toninho. Organizada, com um belo guarda-redes e uma dupla de centrais forte, a equipa da II divisão merecia ter ganho e evitado o prolongamento. Um milagre duplo de Peiser, já no período de descontos, adiou a decisão para o tal pontapé esculpido em injustiça de Amaury Bischoff.
O Cesarense não merecia perder, muito menos com um golo sofrido aos 120 minutos. Merece, isso sim, o aplauso generalizado. Esta equipa é a prova viva do quão bem se pode trabalhar com um plantel semi-profissional.
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A Académica só conseguiu ultrapassar hoje o Cesarense (2-1), da II divisão, com um golo no último minuto do prolongamento, em encontro da terceira eliminatória da Taça de Portugal, disputado em Cesar.
Os visitantes entraram em jogo com vontade de inaugurar o marcador o mais rápido possível, mas do outro lado, encontraram um Cesarense com uma defensiva muito organizada e com rápidas saídas para o contra-ataque.
Aos 27 minutos, a Académica inaugurou o marcador: Diogo cometeu um erro clamoroso, falhando a interceção de uma bola aparentemente fácil de dominar, ao deixar isolado Diogo Valente, que, com calma, marcou.
A primeira parte termina com o Cesarense mais forte no seu meio-campo, a tentar igualar o marcador, causando alguns problemas para a defensiva da Académica.
A segunda parte começou com os mesmos jogadores que foram para o intervalo e com o Cesarense a igualar o marcador.
Aos 54 minutos, à entrada da grande área, Toninho apontou o golo da igualdade, num remate colocado para o poste direito da baliza dos estudantes. O Cesarense esteve perto, depois, perto de passar para a frente o marcador, aos 72 minutos, num lance algo confuso, com a bola a raspar no poste esquerdo, mas o final do tempo regulamentar chegou empatado.
No prolongamento, as equipas dividiram o jogo a meio-campo, com alguns lances de perigo para as duas balizas.
Quando já se esperava o apito final e as grandes penalidades, um livre direito de Amaury Bischoff qualificou o onze de Jorge Costa, para grande desgosto dos adeptos locais.
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Mancha pediu satisfações
Apesar da vitória e do apuramento para a quarta eliminatória da Taça de Portugal, elementos da Mancha Negra foram pedir satisfações no final do jogo a alguns jogadores, tendo ainda dialogado com Jorge Costa. Durante a segunda parte foi perceptível algum desconforto por parte da claque, que se chegou a manifestar junto ao banco.
Destaques
Cesarense
Hélder 6Foi um pêndulo à frente da defesa. Ganhou quase todos os lances que disputou.
André Moreira 6
Dos médios mais recuados, foi o que mais liberdade teve. E percebeu-se porquê. Além disse, cobra bem os livres directos.
Toninho 6
Mais do que o golo que apontou a um adversário do escalão principal, os principais lances de perigo do Cesarense passaram pelos seus pés. Um jogador acima da média.
Académica
Berger 6Foi um exemplo para os companheiros de retaguarda. Nunca perdeu a calma e foi um verdadeiro líder.
Diogo Melo 6
Foi perdendo protagonismo com o decorrer do desafio, mas foi dos que melhor trataram a bola. Com o desgaste acumulado, procurou guardá-la.
Hugo Morais 6
Também sentiu nas pernas o peso dos 120 minutos. Mesmo assim, nunca perdeu o norte e foi dos que mais remaram contra a maré.
Opiniões
Jorge Costa não estava nada satisfeito com a exibição da sua equipa em Cesar. O treinador da Académica lamentou a qualidade da exibição dos seus pupilos e disse mesmo ter retirado «algumas conclusões» importantes para o futuro.
«Sabíamos que ia ser um jogo difícil. Estávamos preparados para isso. Entrámos bem, marcámos e depois facilitámos. O Cesarense reagiu bem. Fizemos uma segunda parte má e um prolongamento muito mau. Vencemos com muita felicidade. Podíamos ter sofrido um segundo golo no tempo regulamentar. A única felicidade é ter ganho e passado. Temos de tirar muitas conclusões deste jogo. Não é este o caminho que quero. Não me chega que os jogadores dêem tudo. Não soubemos gerir a vantagem e ter bola. Perdemos a organização. A vitória é muita feliz.» ____________________________
José Pedro, treinador do Cesarense, era um homem frustrado após a derrota frente à Académica. Uma derrota «injusta», segundo disse aos jornalistas. Para o técnico, o Cesarense podia muito bem ter anho «por três golos de diferença».
«Temos de estar contentes com o que fizemos e saímos de cabeça erguida. Naquela altura em que surge o golo da Académica, já não esperávamos perder. Acreditámos que podíamos ganhar, criámos várias oportunidades, mas o que conta é a bola que entra no meio dos três paus. Sinto-me frustrado. Não merecíamos perder. Merecíamos, isso sim, ganhar por uma diferença de três golos.»
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Diogo Valente, jogador da Académica, em declarações após a vitória por 1-2 em Cesar:
«Na primeira parte fomos superiores e podíamos ter resolvido o jogo. Depois o Cesarense marcou e teve uma grande atitude. Nesse período não estivemos tão bem. Não esperávamos ter de sofrer tanto. Podemos fazer muito melhor e estou certo que vamos melhorar. Já marquei em três competições e sinto-me feliz por isso. Eles pediram fora-de-jogo no meu golo, mas parti três/quatro metros atrás do último defesa.»
Lanches chave
27' [0-1] Hélder Cabral desmarca Diogo Valente. O extremo não se faz rogado e, isolado, bate Marco.
53' [1-1] Toninho, à entrada da área, recebe a bola e, apesar da oposição, remata colocado, com a bola a entrar junto ao poste direito da baliza de Peiser.
72' Peiser defende para as costas de Luiz Nunes; a bola bate no poste esquerdo.
O MOMENTO: 120+1' [1-2]
Bischoff assumiu e resolveu
Tudo se preparava para os penáltis, mas Bischoff não pensava assim. O médio ganhou a falta e assumiu a responsabilidade de bater o livre directo, assinando um belo golo.
Árbitro
André Gralha (AF Santarém)
Sem critério- Não se pode dizer que André Gralha tenha tido qualquer influência no desfecho final, mas o critério disciplinar do árbitro de Santarém deixou um pouco a desejar. André Gralha demorou a puxar dos cartões, mas, quando o fez, começou a mostrá-los quase por tudo e por nada. Podia e devia ter feito melhor.
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