13 de novembro de 2009

Académica e Sporting sem acordo por Villas Boas

A Associação Académica de Coimbra/Organismo Autónomo de Futebol vem por este meio informar todos os seus Sócios, simpatizantes e demais interessados que André Villas Boas irá continuar como treinador dos “estudantes”.

A Académica e o Sporting não chegaram a acordo para a transferência do técnico para Alvalade, pelo que Villas Boas irá assim permanecer em Coimbra.

Com a mesma vontade e empenho que já lhe são reconhecidos, o treinador da Académica continuará a desenvolver o bom trabalho que tem feito no clube com o objectivo de levar a Briosa a muitos triunfos e êxitos futuros.

Em declarações ao site oficial dos “estudantes”, André Villas Boas comentou o interesse do Sporting afirmando que se sente “integrado” no projecto da Académica.

“Fiquei muito honrado com o interesse do Sporting mas qualquer decisão do Presidente da Académica seria tida em conta por mim, uma vez que me sinto perfeitamente integrado no projecto que me foi proposto.”, disse.

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André Villas Boas devorava futebol. Alimentou o amor ao desporto desde cedo, mas faltava-lhe o talento na ponta das chuteiras. Resignou-se. Pegou nos livros, comprou cadernetas e devorou jornais. Todos os dias, lá estava ele no café, a compilar informações sobre os craques dos campeonatos nacionais.

Villas Boas: o filho pródigo de uma família de Viscondes

Em 1994, o jovem de 17 anos depara-se com Sir Bobby Robson no seu prédio. Neto de uma inglesa e de um português com estatuto, o pequeno André encheu-se de coragem e meteu conversa com o novo treinador do F.C. Porto. Esta feito o mais difícil.

Bobby Robson ficou agradado com os conhecimentos de André Villas Boas e o domínio da língua inglesa e apontou-lhe o caminho: tirar o curso de treinador. Inicialmente, este preferia seguir Educação Física, abordar o desporto em geral. Mas a oportunidade estava ali, bastava agarrar.

Villas Boas: um técnico virgem nas Ilhas Virgens Britânicas

O saudoso treinador britânico foi crucial para o jovem português. André Villas Boas tinha apenas 17 anos, idade insuficiente para tirar o curso na Football Association de Inglaterra e na homóloga de Escócia. Robson falou com o responsável Charles Hughes (um acérrimo defensor da escola do pontapé para a frente) e contornou a questão. Como estágio, o aspirante luso seguiu os treinos do Ipswich de George Burley.

André Villas Boas crescia como técnico e estava pronto para a primeira experiência. Entra no F.C. Porto para treinar as camadas jovens, enquanto tira os vários níveis do curso de treinadores da UEFA.

Do Porto para o Mundo

O cargo de director-técnico da selecção das Ilhas Virgens Britânicas, logo em 2000, permite a Villas Boas conhecer a realidade do futebol nas Caraíbas e crescer, crescer até com as pesadas derrotas.

Um ano depois, o F.C. Porto volta a abrir-lhe as portas. José Mourinho chega entretanto e reencontra o miúdo que andava sempre com Bobby Robson. André Villas Boas passa a encarregar-se da observação de adversários. Fá-lo com mestria. Admirador confesso do Championship Manager, desenvolve capacidades no futebol real e transforma-se num valor seguro.

José Mourinho não mais prescinde de André Villas Boas e apresenta o jovem como os seus «olhos e ouvidos». Necessariamente discreto, condição essencial para trabalhar com o «Special One», Villas Boas passa a elaborar dossiers completos sobre os adversários do F.C. Porto. Viria a fazer o mesmo no Chelsea.

O processo era simples. Aparecia nos treinos dos adversários, sempre de forma incógnita, e começava a reunir informações sobre os principais jogadores da equipa. Aliás, de todos os jogadores, se for preciso. Em quatro dias, durante a semana, André Villas Boas compilava todos os dados. Depois, bastava apresentá-los a José Mourinho e jogadores, para estes saberem ao pormenor quem iam defrontar no encontro seguinte.

Mourinho leva Villas Boas do F.C. Porto para o Chelsea, do Chelsea para o Inter de Milão. Aos poucos, André conquista capital de confiança para aspirar a uma carreira a solo. Aos 31 anos, 32 feitos entretanto, a Académica acena-lhe com um convite. O empresário Jorge Mendes intermedeia o negócio. O discurso à chegada, os primeiros resultados, o ar fresco fazem o resto. O futuro é dele.
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André Villas Boas é rapaz de boas famílias, catalogação originária da cultura popular. O jovem treinador é bisneto de José Gerardo Coelho Vieira Pinto do Vale Peixoto de Vilas-Boas (sim, estes nomes todos), o 1º Visconde de Guilhomil.

O título foi criado pelo rei D. Carlos I em 1890. José Gerardo Coelho Vieira Pinto do Vale Peixoto de Vilas-Boas, filho do primeiro Barão de Paço Vieira, viria a passar a distinção para o seu rebento mais velho, José Rui Vieira Coelho Pinto de Sousa Peixoto. Como este teve apenas uma filha, viria a extinguir-se o título.

Dom Gonçalo Manuel Coelho Vieira Pinto do Vale Peixoto e Sousa de Vilas-Boas, avô de André Villas Boas, era o filho mais novo do 1º Visconde de Guilhomil. Casou-se com Margaret Neville Kendall, proveniente de família inglesa. Foi com ela que o jovem treinador aprendeu a dominar a língua inglesa, aspecto que cativou Bobby Robson desde o primeiro contacto.

Dom Luís André de Pina Cabral e Villas Boas, conforme é apresentado na árvore genealógica da família, é conhecido no mundo do futebol como André Villas Boas. Um homem em busca de mais títulos no meio, depois dos títulos de nobreza do passado.

O jovem André, filho de Luís Filipe Henrique Manuel Sousa do Vale e Villas-Boas e Maria Teresa de Pina Cabral e Silva, nasceu a 17 de Outubro de 1977. Em 2004, o técnico viria a casar com Joana Maria Noronha de Ornelas Teixeira.
Confuso, sem dúvida, mas interessante.

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Não há registo da passagem de André Villas Boas pela selecção das Ilhas Virgens Britânicas, mas o técnico garante que essa foi a sua primeira experiência no banco, no ano 2000. Aos 22 anos, o português garantia o cargo de director de futebol no país das Caraíbas.

«Era tão novo que só lhes disse a minha idade no dia em que abandonei o cargo», recordou Villas Boas, mais tarde. O treinador luso passou cerca de um ano nas Ilhas Virgens Britânicas e viu a sua selecção participar na fase de apuramento para o Campeonato do Mundo de 2002.

As Ilhas Virgens Britânicas não foram longe. Aliás, a primeira experiência de André Villas Boas poderia assemelhar-se a um tremendo fracasso, se não fosse considerado o potencial futebolístico da equipa em questão. Contas feitas, a selecção caiu na primeira ronda, frente à Bermuda.

André Villas Boas viu as Ilhas Virgens perderem por 1-5 em casa. Fora de portas, uma goleada das antigas. 9-0 para a Bermuda. Nada que perturbasse o treinador. Este seria apenas o primeiro passo numa carreira ascendente.

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