17 de novembro de 2009

taça da liga Média ponderada dos jogos prova que Académica ganha

O modo como a Liga de Clubes calcula as médias dos jogadores na Carlsberg Cup faz com que uma equipa que aposte nos jovens futebolistas em apenas um minuto por jogo seja beneficiada em detrimento das que utilizam, de modo regular, jogadores mais novos.

A questão está a ser levantada pela Académica que não se conforma com o facto de ter sido eliminada da Taça da Liga (ou Carlsberg Cup) por ter uma média de idade de jogadores utilizados alegadamente superior à do Portimonense. A primeira grande falha em todo o processo tem a ver com o facto de, no regulamento da prova, os responsáveis da Liga não terem tido o cuidado de explicar como seria feita a média, o que abre caminho a todas as leituras possíveis, podendo, fazer-se, querendo, o fato “à medida” do cliente. No caso concreto, Académica, Portimonense e Beira Mar terminaram a fase de grupos com zero golos e dois empates cada. A Liga, depois de um compasso de espera, atribuiu a vitória ao Portimonense, mas as médias de idades que apresentou no seu site são diferentes daquelas que depois enviou aos clubes. O que denota algumas dúvidas no modo como aquele organismo está a tratar este assunto. Aliás, logo na quinta-feira, o Diário de Coimbra solicitou esclarecimentos à Liga o que até agora não aconteceu.

O modo como aparentemente a Liga de Clubes está a calcular a média não faz qualquer tipo de distinção entre um futebolista que alinhou 89 minutos e um que apenas alinhou durante 60 segundos. O Portimonense, por exemplo, fez entrar em campo, no último minuto do segundo jogo, um guarda-redes com 19 anos para o lugar de um com 35 anos. Ora, se o regulamento visa beneficiar o conjunto que aposta na formação não faz sentido elaborar a média de um modo que não seja proporcional à sua real utilização.

Rogério Puga Leal, que além de adepto da Académica é docente na Faculdade de Ciências e tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, explica o ridículo em que a Liga está a cair. «A equipa A utiliza, durante os 90 minutos do primeiro jogo, um guarda-redes com 23 anos e durante todo o segundo jogo um outro com 24 anos. Por outro lado, a equipa B utiliza, durante todo o primeiro jogo e 89 minutos do segundo, um guarda-redes com 30 anos. No último minuto do segundo jogo, promove a sua substituição por um outro com 17 anos, o qual joga assim um único minuto no total dos dois jogos». Com as contas efectuadas sem ter em conta os minutos jogados, explica, as duas equipas têm uma média de idades equivalente quando na prática a equipa A apostou muito mais na juventude.

Passando da teoria para a prática, caso a Liga de Clubes tivesse efectuado as contas entre Académica, Portimonense e Beira Mar ponderando o tempo de jogo a Académica seria a primeira do grupo. Segundo as contas a que o Diário de Coimbra teve acesso, ponderando os minutos jogados a Académica tem uma média de 9367 dias, o Beira Mar de 9501 dias e o Portimonense de 9536 dias. O facto da média ser efectuada por dias de vida e não por anos resolve a questão dos jogadores que têm idades diferentes nas duas partidas disputadas e acaba por ser mais rigoroso. Aliás, por exemplo, para contagem de tempo de serviço em vários organismos do Estado, o valor aparece em dias e não em anos. Se a conta for efectuada por anos, a ordem muda mas a Académica continua em primeiro lugar: 1.o Académica (25,027 anos), 2.o Portimonense (25,465); 3.o Beira Mar (25,469).

Além da questão moral, em jogo estão pelo menos 60 mil euros (sem contar com a hipótese de a Académica passar novamente de fase) já que um dos aliciantes nesta prova está no dinheiro que as equipas podem ganhar ao longo da prova. A Académica, que já manifestou o seu descontentamento pelo modo como as contas foram feitas, tem até sete dias seguidos, após o jogo, para apresentar oficialmente o seu protesto o que deverá fazer hoje ou amanhã, levando o caso até às últimas consequências, consoante apurámos junto de fonte do clube.

Sem comentários:

Enviar um comentário