27 de fevereiro de 2010

2009/10 - 20J - Belenenses 1-2 Académica: Crónica

Um Belenenses em demasiada aflição, uma Académica com vista para a Europa. A Briosa coloca-se em posição de entrar na corrida europeia, enquanto os lisboetas, parece, têm cada vez mais o destino traçado. Uma só vitória em vinte jogos é demasiado pouco para quem tem de fugir ao último lugar. Houve reacção depois do intervalo, sim, mas não apagou o desacerto do primeiro tempo, para infortúnio dos azuis. Se conimbricenses e lisboetas partiram para 2009/10 com a manutenção em mente, a dez jogos do fim uns têm a meta a um passo, os outros a II Liga, que está mais próxima com o calendário a esgotar-se.


Demorou pouco para se perceber que a Académica queria assumir o encontro. Num jogo que até o capitão Zé Pedro qualificara de decisivo, o Belenenses entrou pensativo, a tentar perceber os estudantes, em vez de, não há outro modo de o dizer, «ir com tudo» para cima do adversário, como ousou fazer no segundo tempo.

Cinco minutos bastaram para a Académica ver Sougou na direita e canalizar por ali o ataque; três momentos iguais, com o senegalês a deixar para trás Tiago Gomes indicavam que o golo estava mais próximo para os visitantes. Assis ainda o evitou, mas Devic meteu tanta água como o Tejo e deixou Vouhou à vontade para o 1-0.

Mais cinco minutos e o encontro parecia definido. Berger elevava-se na área e o 2-0 encostava a Académica na luta europeia. Do outro lado, as dificuldades em criar qualquer coisa eram enormes. Havia ansiedade de chegar à baliza contrária, faltava discernimento, e só mesmo o coração mandava a equipa do Restelo para a frente. O coração e Toni, que dava esse sinal, com a entrada de Yonctha. As repercussões não foram imediatas, porque o camaronês não chegou a um cruzamento de Lima. Mas a segunda parte estava logo ali. Ainda bem para os do Restelo, que precisava mesmo de descanso depois de andar os 45 iniciais a correr atrás de adversários.

Agora sim, o tudo por tudo

Quase parecia outra equipa, aquela que jogou pelo Belenenses na segunda metade. Entrada «com tudo» em atitude e Lima e Yontcha a darem o corpo, as pernas e a alma pelo Belém. Entre o brasileiro e o camaronês os lisboetas inventaram um golo. O Restelo fez-se ouvir e apertou punhos em busca pelos pontos.

Villas Boas também «entrou» no jogo. Tirava Cris e lançava os centímetros de Paulo Sérgio. Era preciso desligar o motor ao Belenenses, era hora de jogar no corpo a corpo, mano a mano. Ou seja, era necessária tanta força quanto aquela que empurrava o Belenenses para a frente, uma equipa que era cada vez mais física, mais aplicada. Venceram por fim os dentes cerrados e a força da briosa.

Como se disse, a permanência está a cinco pontos. Nesse aspecto, o Belenenses terminou como começara a partida. Mas o tic-tac das jornadas e desempenhos como os dos primeiros 45 minutos fazem parecer que a distância é bem maior. Do Restelo vê-se o Tejo, mas não se vê a salvação.

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A Académica venceu hoje o Belenenses no Estádio do Restelo por 2-1 numa partida que encerrou as contas da 20ª jornada da Liga Sagres. A Briosa mostrou classe na primeira parte e construiu uma vantagem de dois golos que nunca esteve realmente em causa tal foi a atitude, mas sobretudo a garra, que a equipa mostrou na etapa complementar.




Cedo se percebeu que André Villas Boas montara uma estratégia que tinha em mente a conquista de três pontos. Com Sougou e João Ribeiro bem abertos nas alas, Cris e Diogo Gomes estavam à vontade para furar a macia defesa dos azuis que pouca solidez mostrou durante o encontro. E foi assim que a Briosa realizou as suas primeiras jogadas de perigo, com Sougou, Emídio Rafael e Vouho a colocarem à prova o guardião Assis que, com maior ou menor dificuldade, lá ia impedindo o golo forasteiro.



Por esta altura, o domínio dos "estudantes" era por demais evidente e o golo parecia que não iria tardar muito a aparecer. E assim foi. Aos 18 minutos, o marfinense Vouho estreou-se a marcar na Liga Sagres ao desviar na perfeição um cruzamento de Pedro Costa na esquerda. O lateral da Académica colocou no 27 da Briosa que, perante a passividade de Devic, só teve de desviar o esférico de Assis para abrir a contagem.

O tento dos "estudantes" trouxe justiça ao marcador e o Belenenses nada conseguia fazer. A supremacia da Académica era tanta que cinco minutos depois foi a vez de Berger festejar novo golo para a turma que viajou de Coimbra. Diogo Gomes cobrou um canto da esquerda e o central austríaco saltou mais alto que a defensiva azul para assim dilatar a vantagem da Briosa, com um excelente golpe de cabeça.




A vencer por 2-0 na partida, cabia agora aos "estudantes" gerirem os acontecimentos. António Conceição percebeu que algo ia mal na sua equipa e lançou Yontcha no encontro para o lugar do jovem André Almeida, mas nem assim o Belenenses mostrou a coesão suficiente para assustar uma poderosa e agressiva Académica na primeira metade. Apenas perto do intervalo, os azuis do Restelo incomodaram Ricardo mas a defensiva da Briosa mostrou a segurança necessária para levar uma preciosa vantagem de dois golos para o intervalo.

Na segunda metade, a história do jogo foi um pouco diferente. A Briosa já não apareceu tão acutilante, mas a verdade é que também não tinha de o ser, optando por entregar as despesas do jogo a um Belenenses ansioso que não mostrou futebol para sair do Restelo com qualquer ponto.

O Belenenses atacava com mais coração do que cabeça mas chegou a colocar em perigo a vantagem da Académica quando, aos 59 minutos, Yontcha colocou o marcador em 2-1. A equipa de António Conceição acreditava, pelo menos, que era possível chegar ao empate mas a maturidade dos "estudantes" revelou-se fundamental para assegurar três importantes pontos na tabela classificativa.

Até final, registo para uma oportunidade perdida de Sougou, já dentro da área azul, e ainda para uma grande jogada de João Ribeiro que por pouco não deu o terceiro à Briosa.

Com esta vitória, a Académica soma 23 pontos na tabela classificativa, ocupando a 11ª posição do campeonato. Na próxima ronda, os "estudantes" recebem o Rio Ave.

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