11 de fevereiro de 2010

Taça da Liga - Meia final: Fc Porto 1-0 Académica: Crónica

E agora algo de completamente novo: o F.C. Porto vai à final da Taça da Liga. O campeão nacional somou o jogo que lhe faltava no currículo e garantiu a final mais esperada, um clássico a jorrar de rivalidade e emoção. Hermínio Loureiro pode sorrir, a menina dos olhos da Liga tem o sucesso garantido.


O caminho para a final, esse, foi tortuoso até dizer basta. Pareceu não ter fim, até. Valeu no final um foguetão a encurtar diferenças e a colocar o Algarve à distância de nove minutos. Um foguetão de Mariano, ele que definitivamente se dá particularmente bem com a braçadeira de capitão no braço esquerdo.
Não é de hoje, aliás. Há precisamente uma semana, na ausência de Bruno Alves, assumiu a capitania da equipa e abriu o livro para uma goleada sobre o Sporting que fica para a história. Esta noite não chegou a tanto, mas garantiu na mesma a vitória. Não foi tão incandescente, é verdade, mas foi decisivo.


Faltavam nove minutos para o fim quando o argentino disparou um tiraço de pé esquerdo para um grande golo. Já depois de Bruno Alves sair, e com a braçadeira de capitão no braço, lá esta! Para os mais cépticos é apenas coincidência. Para os outros, é coincidência na mesma, mas é uma coincidência engraçada.
Académica, a vénia merecida
Ora no meio de todas estas evidências, criou-se uma vítima colateral: a Académica. É justo sublinhar este facto porque a formação de Coimbra não merecia o fim causado pelo golaço de Mariano. Durante largos períodos do jogo foi até melhor. Mais atrevida, mais organizada, mais esclarecida, mais rematadora.
Sem abdicar dos princípios do seu futebol, apresentou-se no Dragão descomplexada, forte nas marcações e muito rápida nas transições. Nesta altura é elementar relevar o nome de André Villas Boas. Quem viu esta Académica no início da época e quem a vê agora não pode deixar de abrir a boca de espanto.


Perante um adversário sem vários nomes importantes, que mudou até de táctica e demorou a encaixar nas alterações introduzidas, a Académica deu uma lição de bom futebol: inteligência, toques rápidos, criação de espaços, apoios, velocidade nas saídas para o ataque, enfim, tudo o que o futebol moderno deve ser.
Pelo meio criou três ou quatro ocasiões de golo escandalosas (Sougou, Berger e Vouho, por exemplo). Não as aproveitou e aí perdeu o jogo. O F.C. Porto também criou perigo, é certo, mas fê-lo sempre com menos cadência. Valeu no fim o foguetão de Mariano a garantir a viagem para o Algarve.


Já agora, e para que não falte nada, Académica reclamou um penalty por falta de Guarín sobre Orlando, o F.C. Porto já tinha reclamado um golo mal invalidado a Bruno Alves. Ambos com razão. Não é por aí, porém. Um futebol tão honesto merece outro destaque: o excelente jogo da Académica e o golaçoo de Mariano.
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A Académica foi hoje eliminada nas meias finais da Taça da Liga ao perder no Estádio do Dragão com o FC Porto por 1-0, numa partida onde o conjunto de André Villas Boas fez um jogo quase perfeito, dominando durante largo período o actual campeão nacional. Os azuis e brancos partiam como favoritos para o encontro com os "estudantes" mas a verdade é que o FC Porto bem pode agradecer aos deuses não ter ficado de fora da competição, tantas foram as oportunidades de que a Académica dispôs.

É que se houve equipa que realmente mereceu estar na final da Carlsberg Cup, essa equipa foi a Briosa. Primeiro porque nem o jogo tinha ainda começado e percebeu-se que a vitória estava já conquistada nas bancadas, com 19 autocarros a saírem de Coimbra para apoiarem os "estudantes", naquele que foi um encontro onde se ouviu mais Académica do que propriamente o nome da equipa da casa.

E se fora das quatro linhas era a Briosa quem mandava, também dentro de campo a situação era idêntica. As duas primeiras oportunidades pertenceram mesmo à equipa de Villas Boas, com João Ribeiro e Markus Berger a colocarem de sobreaviso a baliza defendida por Nuno.

Com grande organização dentro de campo, a Académica fazia uso da sua maior posse de bola procurando importunar o FC Porto que se enervava perante a segurança defensiva evidenciada pela Briosa. Belluschi ainda colocou Ricardo à prova mas seriam novamente os visitantes a estarem perto do golo, desta feita por Sougou... Emídio Rafael cruzou da esquerda e o senegalês atirou a milímetros do poste. Respirou de alívio Jesualdo Ferreira quando ouviu o apito para o intervalo e prova disso é o facto do técnico dos portistas ter posto três jogadores em aquecimento ainda durante a primeira metade.

O segundo tempo veio com a mesma história do primeiro, e se Orlando Sá esteve perto de inaugurar a contagem logo no primeiro minuto, as melhores oportunidades do encontro pertenceriam depois a Berger e Vouho. O central austríaco aproveitou um desvio de Sougou dentro de área para aparecer em excelente posição para marcar mas a bola, teimosamente, passou ao lado da baliza do FC Porto. Dois minutos depois, foi a vez de Vouho falhar na cara de Nuno depois de excelente jogada de João Ribeiro.

Apesar de andar perto do golo, a Académica acabou por não festejar e esse seria sem dúvida um prémio mais do que merecido para todos os que se deslocaram ao Dragão para apoiar a Briosa. E nem o golo de Mariano González, aos 81 minutos, calou os cânticos dos adeptos dos "estudantes" que voltam a casa naturalmente tristes pelo resultado mas certamente orgulhosos não só pela moldura humana presente no estádio mas sobretudo porque a Académica provou a sua grandeza e mostrou que não seria um acaso se se qualificasse para a final no Estádio do Algarve.

Em vantagem, o FC Porto fechou-se na sua defesa para proteger o 1-0 mas por várias vezes a Briosa tentou furar a muralha portista mas sem efeitos práticos. Aos 88 minutos, Orlando entrou dentro de área e foi carregado em falta por Guarín, num lance que Pedro Proença deixou passar em claro e que poderia ser decisivo para o desfecho final.

A Académica saiu do relvado a ouvir as palmas dos seus adeptos, concentrando-se agora no campeonato, onde irá defrontar a Olhanense no próximo domingo.

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