O Rio Ave veio à terra dos estudantes com a lição na ponta da língua. Muito pressionantes, ocupando bem os espaços e lestos nas transições para o ataque, os vila-condenses não só conseguiam bloquear os pontos fortes da equipa da casa como a obrigava a cometer erros na fase de construção. Foi por pouco que as perdas de bola de Nuno Coelho ou Berger não deram em golo para os forasteitos. A Académica tentava engrenar mudanças de velocidade pelas alas mas nem assim os comandados de Carlos Brito perdiam a organização.
A estratégia da turma dos Arcos começou, todavia, a desmoronar-se por volta da meia-hora de jogo, quando Sougou logrou cortar amarras e, depois de uma combinação perfeita com Vouho, só não gritou golo porque o poste devolveu caprichosamente o remate. Os estudantes assumiam em definitivo as rédeas do jogo e levavam finalmente perigo à baliza de Carlos, já depois de alguns tímidos ensaios.
É, pois, com ironia que chega o golo do Rio Ave, que incapaz de marcar numa das falhas da defesa da casa acabou por abrir o marcador num lance que nasce numa bola parada. Livre lateral de Zé Gomes, Gaspar ganha nas alturas em «amorti» para Wires encher o pé. Ricardo nem esboçou defesa perante a floresta de pernas que tinha à frente. Além do golo inesperado, a Briosa ainda se pode lamentar de ter perdido Pedro Costa prematuramente, «queimando» uma substituição que viria a fazer falta na fase mais adiantada do jogo.
Villas Boas assume risco total
Para a segunda parte, André Villas Boas (o da Académica) não hesita em assumir o risco e deixa um trinco, Nuno Coelho, nos balneários lançando para a estreia o avançado Bibishkov. A Académica passa a jogar em 4x2x4 e encosta o adversário às cordas com determinação. O Rio Ave, no entanto, aguenta o assalto pese algumas falhas e faltas duras para compor o quadro. A equipa da casa fazia tudo bem até ao último terço do terreno mas perdia-se em individualismos ou hesitações na hora H.
Depois de 20 minutos de desgaste sem resultados práticos, a turma vila-condense volta a respirar e equilibra os acontecimentos perante uma Académica a jogar já só com um central (Berger saiu para dar lugar a Paulo Sérgio) e sem mais cartuxos para gastar. Faltava clarividência aos da casa mas ao Rio Ave valeu um inspirado Carlos que, com dois voos espectaculares, negou o empate a Vouho e Emídio Rafael.
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A Académica perdeu hoje em casa com o Rio Ave por 1-0 numa partida que contou para a jornada 21 da Liga Sagres. Os comandados de André Villas Boas dispuseram das melhores oportunidades na primeira parte mas um golo de Wires, contra a corrente de jogo, serviu os interesses dos vila-condenses que saem de Coimbra com um precioso triunfo. A Briosa, como já é habitual, entrou mais forte no encontro na tentativa de chegar cedo ao golo mas a bola não queria nada com as redes de Carlos. Por várias vezes, João Ribeiro, Diogo Gomes e Sougou tentaram aproximar-se da baliza forasteira mas a eficácia nunca foi a melhor. Aos 31 minutos, Vouho quase inaugurou a contagem mas o poste negou o tento do marfinense, numa jogada que exemplifica bem o que se passou no resto do jogo. Os "estudantes" bem tentaram construir perante os seus Sócios um resultado positivo mas no último terço do campo o último passe nunca era o mais acertado. O Rio Ave chegou ao golo por intermédio de Wires, aos 39 minutos, num lance de bola parada, uma jogada capital que foi contra a corrente do jogo e que levou a turma de Carlos Brito em vantagem para o intervalo. Villas Boas nunca virou a cara à luta e colocou Bibishkov em campo na tentativa de chegar primeiro ao empate e depois fazer a reviravolta no marcador. Os primeiros minutos da etapa complementar foram completamente dominados pela Briosa mas mais uma vez o golo não apareceu. E foi quando o jogo já se aproximava do seu final que Carlos, por duas vezes, tirou o pão da boca aos avançados da Briosa, evitando com duas grandes defesas o tento do empate. A partida chegava ao fim com a vitória do Rio Ave por 1-0, pelo que a Académica continua com 23 pontos na Liga Sagres, deslocando-se agora aos Barreiros para defrontar o Marítimo. |
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