4 de dezembro de 2011

2011/12 - Taça de Portugal - 8os - Leixões 2 Académica 5 - Rumo aos quartos de final


nº espectadores: 2500
Árbitro: Marco Ferreira ()
melhor do Leixões: Jumisse
melhor da Briosa: Fábio Luís


Crónica

AAC-OAF: A Académica venceu este domingo o Leixões por 5-2, após prolongamento, e segue para os quartos-de-final da Taça de Portugal, onde vai encontrar o Desportivo das Aves.

No Estádio do Mar, e apoiada por mais de um centena e meia de adeptos que viajaram desde Coimbra, a Académica entrava em campo com o objectivo de ultrapassar o Leixões num campo tradicionalmente difícil. A Briosa sabia que tinha de mostrar mais raça que o adversário se queria alcançar os quartos-de-final da prova e foi precisamente isso que sucedeu.

Os estudantes entraram melhor e criaram algumas oportunidades de golo perante um Leixões que procurava o contra golpe para surpreender Ricardo.

A meio da primeira parte Adrien foi chamado à cobrança de um livre e a bola passou por cima do guardião Degré que ficou mal na fotografia não conseguindo evitar o primeiro da Académica. A Briosa estava na frente do marcador mas a verdade é que o estado de graça não demorou muito porque pouco depois o Leixões viria a empatar, resultado que se verificava ao intervalo.

Na segunda metade a toada de jogo manteve-se mas o Leixões acabaria por beneficiar de uma grande penalidade para consumar a reviravolta no marcador. A Briosa estava em maus lençóis mas foi aí que a tal atitude e raça vieram ao de cima.

Pedro Emanuel, que já tinha trocado Sissoko por Diogo Valente ao intervalo, não hesitou em colocar em campo o avançado Fábio Luis que se iria revelar absolutamente decisivo para o desfecho final. Na primeira vez que tocou na bola, o 9 da Briosa fez o empate e atirou as decisões para o prolongamento.

Já com Hugo Morais em campo, a Académica entrou no tempo extra convicta que a batalha do meio campo poderia ser decisiva e com o 7 dos estudantes a pautar o jogo da Briosa, o destino só podia ser positivo.

O 3-2 foi apontado por Adrien, num belo pontapé de ressaca de fora da área e pouco depois Fábio Luis voltou a marcar e estabeleceu o resultado em 4-2. O Leixões já não conseguia importunar Ricardo e a Académica viria ainda a marcar mais um, por intermédio de Éder que, diga-se, fez um exibição assinalável, travando várias lutas na defesa leixonense e levando de vencida a maior parte delas.

A Académica passou em Matosinhos e agora terá pelo frente o Desp. Aves, em jogo agendado para o dia 21 de Dezembro.

MF: A tradição ainda é o que era na Briosa. A Académica, insigne vencedora da primeira edição da Taça de Portugal (1938/39) e finalista vencida em mais três ocasiões, faz jus às medalhas emolduradas no peito. Qual velho soldado, orgulhoso e altivo, recupera o prazer pela batalha, pelas trincheiras do passado e dá mais um passo rumo ao objectivo final: o Jamor.

Na génese desta campanha triunfal no Mar, dois nomes: Adrien Silva e Fábio Luís. O primeiro fez dois golos, jogou e fez jogar, mostrou ter qualidade para aspirar a um lugar no plantel do Sporting; o segundo, contratado ao exótico Porto Alegre, entrou aos 83 minutos, marcou na primeira vez que tocou na bola e aplicou a sentença de morte ao Leixões no prolongamento.

O brasileiro ainda não marcara desde a chegada a Portugal. É justo passar por aí. Pela sua entrada em campo. A Académica perdia por 2-1, faltavam sete minutos para acabar e a Taça de Portugal fugia para o lado matosinhense. O treinador Pedro Emanuel arriscou tudo, apostou num avançado que pouco tem feito e a resposta não podia ser melhor.

Estranhos e sinuosos são os caminhos do futebol.

Ora, antes dessa mexida na Académica, o Leixões tinha sido quase sempre superior. Levara um golpe duro com o primeiro golo da Académica, num erro monumental do guarda-redes Vincent Degré, equilibrara-se e dera a volta ao resultado. Primeiro num desvio de cabeça de Jumisse e mais tarde numa grande penalidade indiscutível convertida por Paulo Tavares (derrube de Diogo Melo a Luís Silva).

Num jogo intenso, duro, entre dois fidalgos do futebol nacional, tudo aparentava estar decidido. E o Leixões até já mandara duas bolas aos ferros da Académica. Não estava. Ninguém contaria com o efeito-surpresa chamado Fábio Luís e a quebra psicológica que o golo tardio difundiu no emblema do Mar.

O prolongamento foi um reflexo disso mesmo. A Académica fresca, amparada na vantagem emocional, e o Leixões arrasado, a divagar num cruel sentimento de injustiça. Merecia mais a estrutura orientada por Litos, de facto. Merecia, pelo menos, ter levado a decisão final para as grandes penalidades.

Não deu. Segue a Académica. De medalhas ao peito e mais um capítulo de história para contar.

O Jogo: A Académica está mais perto do Jamor, depois de deixar para trás um Leixões que esteve até aos 84' a sonhar com a passagem aos quartos-de-final da Taça de Portugal. O sonho foi desfeito num ápice por um remate de Fábio Luís acabadinho de entrar. A derradeira aposta de Pedro Emanuel acabou por virar o resultado e arrastar o jogo para o prolongamento e, nesse período, selar de vez a vitória com o penúltimo golo.

A vontade da Académica fez-se sentir logo por intermédio de Adrien - o elemento mais produtivo -, recompensado por um golo de livre directo sobre a esquerda. O Leixões não cedeu fácil e reagiu rapidamente (em dois minutos), num lance de agilidade de Moisés, pela esquerda, sem oposição de Sissoko, que assistiu Jumisse. O empate até assentava bem, pois o jogo corria para os dois lados, embora sem pressa. Uma entrada de Diogo Melo sobre Luís Silva, na área de penalidade, mudou tudo. Paulo Tavares converteu e relançou o sonho do Leixões.

A Académica, entretanto, foi perdendo o meio-campo, permitindo o avanço do adversário. O arranjo feito por Pedro Emanuel, com a entrada do médio de transição Hugo Morais, porém, funcionaria em pleno apenas no prolongamento. E porque Fábio Luís colocou a equipa em posição de discutir o resultado fora de tempo, ao restabelecer o empate. O prolongamento aqueceu com o golo de Adrien, no terceiro lance de bola parada e com a segunda assinatura de Diogo Valente. O mesmo que faria o cruzamento para Fábio Luís no quarto golo. Apesar da resistência do Leixões, Éder desferiu o golpe fatal.

Destaques
Leixões
Degré - 5 - Começou nervoso e teve culpas no primeiro golo. Na segunda parte duas excelentes defesas marcaram a noite.

Paulinho - 6 - Se a defender não "pecou", nas subidas pelo seu flanco criou muitos desequilíbrios.

Pedro Santos - 6 - Foi uma dor de cabeça constante para os defesas da Académica.

Moisés - 5 - Sem grandes espaços para brilhar no ataque, aos 41' ganhou a bola na esquerda e cruzou para Jumisse fazer o empate.

Paulo Tavares - 6 - Foi o motor da equipa e a sua tarefa foi coroada com um golo marcado de penálti.

Jumisse - 6 - Marcou excelente golo de cabeça.

Académica
Berger - 5 - No início sentiu dificuldades que lhe valeria um CA, mas foi subindo de produção.

Cedric - 5 - Encarou os lances com determinação, mas no segundo golo do Leixões errou ao não atirar a bola para canto.

Marinho - 6 - Transportou muito jogo pela direita e travou duelo interessante com Florent.

Adrien - 6 - Exibição coroada com dois golos, ele que é um médio-ofensivo.

Éder - 5 - Marcou o quinto golo.

Diogo Valente - 5 - Esteve ligado aos terceiro e quarto golos.

A estrela:
Fábio Luís - 7 - Estava ainda a dar os primeiros passos, após substituir Diogo Melo, quando apareceu na área do Leixões para rematar para golo. Fábio Luís virou o resultado em 20 segundos, impondo mais meia hora de jogo, para voltar a marcar.

Opiniões

Litos - Treinador do Leixões: «A equipa foi castigada em demasia. Com a ansiedade destes jogos, inclusive pelos adeptos, com a ânsia de irmos mais longe, acaba por ser determinante no cansaço da equipa. A juntar a isso, houve ritmo alto desde início. Acabámos por sofrer golo, quando éramos nós que podíamos marcar. Não fomos rápidos a conseguir uma substituição e a Académica acaba por conseguir novo golo. Tendo sido derrotado, estes números acabam por ser um exagero.»

P. Emanuel - Treinador da Académica: «Mais que a exibição, tenho de realçar o esforço brutal das duas equipas, num jogo típico de Taça. Começámos em vantagem, o Leixões empata de seguida e chega à vantagem com mérito. A Académica voltou aos seus princípios do jogo, tivemos alguma sorte, com o Fábio a entrar e a fazer o golo de seguida. Crescemos e acreditámos que era possível. Esse volte-face influiu no prolongamento. Cumprimos o objectivo e temos de dar os parabéns às duas equipas. Caminho para a final mais facilitado? Não sei porque se diz isso, vemos que há equipas competitivas e provocam surpresas. Restam estas equipas, também tivemos trabalho árduo para aqui estar. Nos últimos jogos temos jogado com as equipas dos cinco primeiros lugares. Penso que é normal não aparecerem resultados na Liga, mas com esta motivação vamos voltar.»

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