14 de fevereiro de 2016

2015/16 - 22J - Boavista 0 - Académica 0


nº espectadores: 4627 
árbitro: luis godinho 

Crónica 

Um ponto para cada lado, tudo igual nos dois lados da fronteira que separa a zona de descida do lado da salvação. Jogo sem golos no Bessa, sim, mas com duas equipas corajosas, ambiciosas e capazes de ir ao limite. Se esta amostra tiver continuidade, Boavista e Académica estarão na I Liga na época 2016/17.

Mais atacantes os portuenses, motivadíssimos pelos ciclo de bons resultados – 11 pontos em cinco jogos com este empate -, mas tão ou mais perigosa a Académica, capaz de fazer tremer Mika uma mão cheia de vezes.

E já que se fala em tremer, vale a pena descrever o momento da tarde, autoria do excelente Rafa Soares. O lateral da Briosa rematou de primeira, aos 21 minutos, após um canto de Leandro Silva na direita, e a bola explodiu no poste direito da baliza axadrezada. Muito, muito bonito.

FICHA DE JOGO E A PARTIDA VISTA AO MINUTO

Antes, já Leandro Silva ameaçara de fora da área, com Idris a responder imediatamente seguir, para os punhos de Pedro Trigueira.

Com processos diferentes, as equipas chegavam onde queriam com alguma qualidade e acerto. O Boavista sempre à procura do talento de Rúben Ribeiro e da energia de Afonso Figueiredo, os melhores da equipa.

Futebol apoiado – exigência de Erwin Sanchez – dinamismo e intensidade. Faltou, quiçá, um Iriberri mais inspirado e dois extremos capazes de cruzar melhor, apesar de Luisinho e Mario Martinez terem estado muito metidos na partida.

O Boavista acabou a pressionar, a dar tudo pelos três pontos, mas nessa altura da partida a lucidez já dera lugar à ditadura do coração. Seja como for, a atitude dos panteras negras foi irrepreensível, com uma vontade e entrega raras vezes vistas nos nossos relvados.

Foram sempre superiores? Não.

DESTAQUES DO JOGO: Gonçalo, Rafa e Afonso, futuro garantido

A Académica fez um jogo extremamente inteligente. Optou por baixar as linhas e lançar diretamente para os pés de veludo de Gonçalo Paciência, o homem do jogo. O avançado segura a bola como poucos e ofereceu a bola sempre redonda aos colegas.

Em cima do intervalo, o próprio Gonçalo fez uma receção perfeita e arriscou um remate em arco, com a bola a sair muito próxima do golo.

O empate é um desfecho lógico e justo, com o Boavista a reclamar mais posse e presença no meio-campo estudantil e a Académica a responder com concentração e ataques perigosíssimos, principalmente até aos 65 minutos.

Sanchez e Gouveia podem, em suma, olhar com otimismo o que falta jogar na Liga. Há equipas com mais pontos e muito menos futebol do que Boavista e Académica.

Nota de rodapé: os empurrões e insultos no relvado, já depois do apito final, eram perfeitamente dispensáveis. O jogo foi durinho, mas sempre correto.

Destaques 

FIGURA: Gonçalo Paciência
Plataforma giratória de todo o futebol ofensivo da Briosa. Recebe de costas e distribui; recebe de costas e gira; recebe de costas e remata. Num destes últimos movimentos ia marcando um golo extraordinário: pontapé de Pedro Trigueira, receção perfeita e remate em arco, ligeiramente ao lado. Possui um talento raro, joga e faz jogar. É vítima, muitas vezes, da forma de jogar da Académica, assente num bloco baixo e em transições. Fica isolado e desaparece do jogo. Com bola é um dos melhores executantes do campeonato. Está a precisar de golos, mais golos.

POSITIVO: Afonso Figueiredo e Rafa, laterais de presente e futuro
Boas notícias para o futebol português. No mesmo jogo da Liga, dois excelentes laterais esquerdos, evidentes apostas para a Seleção Nacional a médio prazo. Afonso entendeu-se bem com Luisinho, com uma energia contagiante e apaixonado pelo jogo. É um guerreiro com um excelente pé esquerdo. O corte sobre Ivanildo e o passe a lançar Rúben Ribeiro, nos primeiros minutos do jogo, é uma excelente amostra do seu futebol irrequieto e incansável. Rafa, cedido pelo FC Porto à Académica, ia marcando um dos golos do campeonato. Canto na direita e remate de primeira, com a bola a estourar no poste direito da baliza de Mika. Depois de tantos anos a lamentar a falta de bons defesas esquerdos, o selecionado nacional pode agora estar descansado.

MOMENTO: Rafa de primeira ao poste (21 minutos)
Fantástico! Canto marcado por Leandro Silva na direita e Rafa, à entrada da área e sem deixar a bola cair, arranca um pontapé soberbo. A bola bate no poste direito da baliza e de Mika e não entra por pouco, muito pouco. Teria sido um dos melhores golos do campeonato.

OUTROS DESTAQUES

João Real
Impecável na marcação a Iriberri, um ponta de lança complicado. Ganhou sempre no ar e ainda teve capacidade para dobrar muitas vezes os laterais, Aderlan e Rafa. O central da Académica atravessa um excelente momento de forma. Muito bem. Aos 80 minutos entrou de carrinho sobre Rúben Ribeiro e roubou o golo ao médio do Boavista.

Luisinho
Regresso às boas exibições. Baixinho, drible curto, dor de cabeça constante para Aderlan. Entendeu-se muito bem com Afonso Figueiredo, procurou sempre o movimento da esquerda para o meio e arriscou o remate um par de vezes. Depois de um período de menor fulgor, o extremo volta a ser um dos melhores no Boavista.

Rúben Ribeiro
Muito marcado em cima, sem espaço para respirar mas, ainda assim, a fonte criativa do futebol axadrezado. Aos 62 minutos recebeu a bola, passou por dois estudantes e disparou às malhas laterais. Com ele em campo, o Boavista consegue ter posse de bola e circular com qualidade. A transfiguração da equipa passa muito pelo que Rúben Ribeiro consegue fazer.

Leandro Silva
O médio mais esclarecido da Académica. Joga de cabeça levantada, remata de longe e esteve perto do golo ainda no primeiro tempo. Perdeu intensidade no segundo tempo, mantendo, porém, muito acerto no passe. Está cedido pelo FC Porto e a crescer bastante em Coimbra.

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