11 de maio de 2016

Imbróglio na Liga: Académica acusa V. Setúbal de ter cometido «irregularidade»

«Estudantes» procuram evitar despromoção na secretaria, mas processo ainda nem arrancou na FPF

A Académica, última classificada da liga, avançou com uma exposição para a Liga a pedir a instauração de um processo disciplinar ao Vitória de Setúbal por alegada inscrição irregular de jogadores em janeiro. Um caso que poderia ditar a perda de pontos do clube sadino e, assim, abrir uma janela de salvação para os «estudantes» se, na última jornada, vencessem o Tondela. O problema é que os regulamentos não são claros, pelo contrário, abrem espaço a várias interpretações e, na perspetiva da Federação Portuguesa de Futebol, o clube sadino, nesta fase, ainda não é considerado infrator.

Académica: direção demitiu-se, eleições marcadas para 11 de junho

Mas para se perceber esta história, tempos de recuar até novembro de 2015, altura em que uma comissão de arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, formada para o efeito, condenou o Vitória a pagar 28.674 euros ao Almancil pelos direitos de formação de Mohcine Hassan Nader, filho do antigo avançado marroquino que jogou no Farense e no Benfica.

Segundo o Regulamento do Estatuto, da Categoria, da Inscrição e Transferência de Jogadores, o V. Setúbal estava, a partir deste momento e num prazo de trinta dias, obrigado a saldar a dívida, caso contrário, como se lê no ponto 5 do artigo 44 do referindo regulamento, ficava «automaticamente impedido de registar novos contratos de jogadores seniores masculinos».

A verdade é que o Vitória não pagou o valor em causa ao clube algarvio, o referido prazo de trinta dias, entretanto, foi ultrapassado e em janeiro, na reabertura de mercado, para compensar as saídas de Suk (FC Porto) e Rúben Semedo (Sporting), o clube do Bonfim inscreveu quatro novos jogadores na Liga: Meyong, Makuszewski, Tiago Valente e Salim Cissé.

É com base nestes pressupostos que a Académica avançou com a exposição para a Liga de Clubes, considerando que o Vitória estaria impedido de inscrever jogadores e que a utilização dos mesmos foi irregular. Ora, olhando para os jogos em que o Vitória utilizou, pelo menos, um dos referidos reforços, neste caso catorze jogos, estão em causa quatro pontos que ditariam alterações nos últimos lugares da classificação [a Académica estaria obrigada a vencer o Tondela para poder beneficiar desta situação].

Vitória ainda nem foi notificado

Mas o caso não é assim tão linear, uma vez que, segundo o Maisfutebol apurou, na perspetiva da Federação Portuguesa de Futebol, depois de ultrapassado o prazo definido pela comissão de arbitragem, o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol deveria ter aberto um processo disciplinar e notificar o clube sadino, o que, na verdade, ainda não aconteceu.

O processo arrastou-se em janeiro sem que fosse enviada qualquer notificação para o Estádio do Bonfim e, depois de fechado o mercado de transferências, o processo deixou de ter carácter de urgência, até porque há muitos mais processos semelhantes a decorrer.

Neste contexto, o clube sadino só ficará impedido de inscrever jogadores a partir do momento em que for notificado e, assim, cai por terra a exposição da Académica. A Liga de Clubes, também contatada pelo Maisfutebol, também diz «não ter conhecimento de qualquer inibição do V. Setúbal».

Na sequência da queixa da Académica, o U. Madeira já reagiu. O clube informou que «requereu, junto da Liga de Clubes, um esclarecimento para que a veracidade da situação agora reportada seja apurada, no prazo máximo de 2 dias». «Sob pena de a verdade desportiva poder ser colocada em causa», diz o União em comunicado.

(Artigo atualizado)

in maisfutebol 


QUEIXA DA ACADÉMICA SEM ENQUADRAMENTO PARA PENALIZAÇÃO

"Não penso que a Académica consiga alguma coisa em termos desportivos". É desta forma que Pedro Monteiro Fernandes, sócio da Associação Portuguesa de Direito Desportivo, caracteriza o requerimento que os estudantes fizeram chegar à Liga, alegando incumprimento do V. Setúbal em relação ao Almancil. A suposta dívida, de pouco mais de 28 mil euros, poderia reverter numa penalização para os sadinos, caso o outro clube envolvido atuasse nos campeonatos profissionais, o que não acontece.
"Se o que está em causa são direitos de formação [de Hassan Nader] pedidos pelo Almancil, não há qualquer tipo de efeito numa prova organizada pela Liga. A prática tem sido essa. Só nas competições da FPF poderá haver alguma consequência e não nas da LPFP", reiterou a Record. Para o advogado, "os clubes mais pequenos acabam por ser os mais prejudicados, até por desconhecimento dos regulamentos", apontando o dedo à incoerência em termos do Direito. "Se um clube entra em falta com outro que está inscrito na Liga, não há qualquer entrave a que os jogadores sejam inscritos."
Sobre o mesmo tema, o U. Madeira pediu um esclarecimento à Liga no prazo de dois dias "sob pena de a verdade desportiva ser colocada em causa", refere em comunicado.

in record 

Sem comentários:

Enviar um comentário