9 de maio de 2016

Quem é de fora vê assim a Académica.... Os da casa sabe bem o que é a Briosa.

É difícil não gostar da Académica.

Ou, talvez seja mais isto, é muito difícil alguém querer-lhe mal.

Até admito que pontualmente possam querer, face a um ou a outro jogo ou a uma ou outra atitude das suas gentes, mas as raízes de tais desejos nunca são muito profundas.

Nunca ouvi ninguém dizer à boca-cheia que queria que a Académica descesse. Claro que não se deve desejar o mal dos outros, mas há sempre quem tenha de ocupar esses lugares e quem faz o exercício não escolhe por norma a Briosa. Eu, pelo menos, nunca o ouvi.

Pela cidade, pelo enquadramento estudantil, pela histórica presença entre os grandes, por circunstâncias políticas do passado e pela ligação a muitos jogadores de grande talento, a Académica é aquele clube que faz sempre parte da mobília, e que gostamos de ter por perto.

É como aquele amigo que, não sendo íntimo, convidamos sempre para uma festa porque tem boas estórias para contar e ajuda a fazer bom ambiente.

Nesta época, ou melhor nas últimas duas épocas, se olharmos apenas para as mais recentes, a equipa esteve longe de corresponder ao que o clube exigia. Um clube de raízes profundas e que, corrijam-me se não for verdade, dos que maior potencial apresenta, se olharmos para o que o envolve, entre a lista dos atuais maiores emblemas portugueses.

Posto isto, se o clube não merecia cair para a II Liga, a equipa já parece ir com uma época de atraso, face ao milagre de José Viterbo antes do último verão.

De lá para cá, a qualidade não aumentou, os estudantes somaram seis derrotas a abrir, ganharam cinco jogos aqui e ali e pararam de vencer à 25ª jornada. O plantel, que sempre aparentou ser o mais fraco da Liga, ganhou irreverência com os três miúdos do FC Porto – Rafa, Gonçalo Paciência e Leandro Silva – mas obviamente que, sem referências no grupo à exceção de um ou outro nome, as entradas não resolveram todos os problemas.

Se Viterbo ainda fez um primeiro milagre – e já não deu para um segundo no início do novo campeonato –, Gouveia também não conseguiu travar a queda no precipício.

14 anos depois, e mesmo depois de apenas duas classificações acima do 10ª lugar, a Académica cai com estrondo, um estrondo maior do que os anteriores.

Os riscos, face à perda de referências, são agora maiores e deixam antever que o regresso pode não ser tão imediato assim. Infelizmente, para o clube.

by LUÍS MATEUS: subdiretor do Maisfutebol e pode segui-lo no TWITTER. Além do espaço «Sobe e Desce», é ainda responsável pelas crónicas «Era Capaz de Viver na Bombonera» e «Não crucifiquem mais o Barbosa» e pela rubrica «Anatomia de um Jogo».

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