Provocação logo a abrir: fez um longo "estágio" com José Mourinho. Tardou a chegar agora à emancipação...
Estágio não é a palavra certa, penso. Para uma profissão atractiva, pode estar implícita a aposta cega no cargo de treinador principal - e não foi o que fiz. Quando fui convidado pelo José Mourinho para integrar a sua equipa técnica sabia exactamente para que funções e tentei sempre desempenhá-las com a máxima eficácia.
O desejo de emancipação é legítimo. A verdade é que se dizia há muito tempo que estava a preparar-se para "dar o salto"…
Sim, mas não queria que fosse mal interpretado. Nunca escondi de ninguém o meu sonho - muito menos de Mourinho. No período em que estive ao seu lado sempre lhe fui cem por cento leal e sempre mantivemos uma relação aberta. O timing que ambos decidimos para a minha saída foi comunicado com algum tempo de antecedência, de tal modo que ele se acautelou com a entrada de um elemento [José Morais] para a sua equipa técnica que começasse a garantir a qualidade de trabalho de que ele necessita e pretende. Agora: obviamente tive a oportunidade de trabalhar com aquele que eu penso ser o melhor treinador do mundo - conceito que na minha opinião valoriza a frequência com que se ganha.
O melhor do mundo define-se pelos resultados, é isso?
Na minha óptica, sim. Mas não só. Também pela capacidade de obter resultados em vários sítios. Não tenho a menor dúvida de que após o período de Itália ele sairá para Espanha ou para Inglaterra e continuará a ter o sucesso que tem tido e teve antes em Portugal e na própria Inglaterra. A frequência com que José Mourinho ganha é invulgar; torna-o de facto único.
A vossa relação continua intensa? Normal?
Sim, sim. E é uma relação que me permite agora entender muitas coisas que antes não percebia nele, desde reacções a insatisfações, momentos de angústia. Há tantas coisas boas nesta profissão, não obstante o peso da responsabilidade, que só mesmo estando-se nela é possível perceber uma série de reacções que o José Mourinho tinha para connosco - e tenho pena de só ser capaz de entender agora. Por exemplo: as vivências vitória-derrota, a adrenalina de uma semana de trabalho, a ânsia antes e pós jogo, o modo como influi na nossa vida o que se passa ao longo da semana, tudo isso tem um peso nas nossas vidas. Esta é, sem dúvida, uma profissão bastante exigente.
Há um facto incontroverso: pelo perfil genético, pelo modo como se apresenta, é visto como um clone de Mourinho. É um clone?
Acho que não. Mas estou seguro de que essa comparação vai perseguir-me o resto da minha vida. Tenho uma personalidade completamente diferente da de Mourinho, embora, obviamente, queira vencer, construir o meu sucesso. Sou uma pessoa mais tranquila, de assentar mais nos projectos. Aprecio muitas outras coisas na vida para além do futebol. O facto de não viver só para o futebol tem um peso importante na minha vida. Estarei talhado para ser visto como um clone, o que refuto, até porque estou seguro de que Mourinho continuará a acumular uma quantidade de sucessos de que não me aproximarei nunca. Estou longe de pensar em ganhar o número de títulos que ele já ganhou. Espero ser um bom treinador e capaz de construir uma carreira que venha a ser apreciada. Mas não viverei este cargo com ambição desmesurada. Prefiro ter os pés bens assentes na terra e construir um futuro passo a passo, apreciando cada uma das etapas.
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«Agora não me chamam de incompetente» – Villas Boas
Por RedacçãoO treinador da Académica regozija-se com o facto de os estudantes poderem iniciar este domingo a 3.ª terceira fase da Carlsberg Cup, após a polémica da média de idades que acabou por deixar o Portimonense pelo caminho, e diz sentir «prazer por não ser agora chamado de incompetente».
«Dá-me prazer termos lutado pela melhoria de um regulamento de uma competição profissional. É algo de que nos orgulhamos. Dá-me também prazer não ser agora chamado incompetente como me chamaram por não ter sido capaz de prever a entrada de um miúdo de 19 anos do Portimonense. Portanto, há um certo regozijo da nossa parte pelo facto de nos terem dado razão», afirmou André Villas Boas, esta sexta-feira, na conferência de Imprensa de projecção ao jogo com o Estoril, para o qual antevê dificuldades.
«O Estoril é uma equipa em transformação, que subiu na tabela desde que entrou o Prof. Neca, que é uma pessoa que aprecio bastante», sublinhou.
«Quero que os jogadores sintam a responsabilidade perante equipas da Segunda Liga. Temos de estar confortáveis, responsáveis e com vontade de impor o nosso jogo e resolvê-lo o mais rápido possível», frisou o técnico da Briosa, defendendo que «não é impossível chegar às meias-finais» da prova, apesar de admitir «fazer alguns testes e ver jogadores que têm sido
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