9 de fevereiro de 2010

André Villas Boas e o jogo com o FC Porto: “Prolongar o sabor da História”





O treinador da Académica, André Villas Boas, esteve hoje na sala de imprensa da Academia Dolce Vita para fazer a antevisão da partida com o FC Porto, agendada para amanhã, quarta-feira, pelas 20:15, no Estádio do Dragão, no Porto.

A Briosa está nas meias-finais da Taça da Liga e o técnico da Académica não tem dúvidas ao afirmar que o objectivo do clube é chegar ao Algarve para “prolongar o sabor da História”. Villas Boas referiu que o prestígio da presença dos “estudantes” nesta fase da prova tem de ser “destacado e evidenciado”, adiantando depois que espera um FC Porto diferente do jogo da 3ª fase.

“Espero um Porto diferente do jogo da 3ª fase. O cariz motivacional e emocional do jogo tem um papel importante. Gostava de ter tido uma semana inteira para preparar este jogo e de ter tido uma semana para experimentar as vivências de ter vencido o Sporting. Fizemos História em Alvalade e gostávamos de prolongar esse sabor. Também gostávamos de jogar a meia-final a duas mãos porque era legítimo a Académica ter o direito de receber o Porto em sua casa. Queríamos envolver a cidade em torno do clube. Por ser uma competição nova não quer dizer que não haja prestígio em estar aqui, e é isso que tem ser destacado e evidenciado.”, começou por dizer.

O treinador da Académica avisou ainda que os azuis e brancos têm “hábitos de vitória em todas as frentes” e que por isso mesmo não vão facilitar. Villas Boas recordou que a Briosa terá de fazer a gestão de acordo com os objectivos prioritários da equipa mas salienta que ao olhar para o futuro, os “estudantes” querem “a final da Taça da Liga e a manutenção”.

“O Porto tem hábitos de vitória em todas as frentes onde está envolvido e está às portas de uma final. Acho que eles não vão facilitar... Temos que fazer uma gestão porque não temos hábitos de jogo domingo-quarta-domingo. Olhamos para o futuro e queremos a final da Taça da Liga mas também queremos a manutenção. Essa gestão tem ser tida em conta visto que o objectivo maior da Académica é a manutenção. Não há desrespeito à Taça da Liga relativamente à utilização de jogadores, tal como outros fazem. Temos de fazer a gestão de acordo com os nossos objectivos fundamentais.”, frisou.


Villas Boas: “Não tratem a Académica como o anexo da Taça da Liga”

André Villas Boas continuou o seu discurso dizendo que muitos têm tratado a Académica como o “anexo das meias-finais”, uma vez que parece que apenas os três grandes estão a disputar a prova. Daí o treinador da Briosa ter evidenciado mais uma vez o prestígio que é para a equipa de Coimbra estar a lutar pela final da Carlsberg Cup, referindo mesmo que “independentemente do que se passar, a Académica tem de ser considerada como a vencedora da Taça da Liga.”.

“Independentemente do que se passar na meia-final, somos quase os vencedores da Taça da Liga porque temos um orçamento muito inferior aos outros clubes que estão nesta fase, os três grandes. Somos considerados o anexo das meias-finais da Taça da Liga. O Guimarães foi o anexo do ano passado, este ano somos nós. São os três grandes que estão a participar mais a Académica que está presente. Para nós o sentimento é precisamente o contrário, é de grande felicidade pois alcançámos uma coisa que não está ao alcance de toda a gente. É prestigiante estar envolvido nas meias-finais e se há equipa que interpretou, respeitou e melhorou a competição, que honrou os seus patrocinadores, que precisa e vê com bons olhos os lucros financeiros que esta prova permite, essa equipa foi a Académica de Coimbra. Se por um lado há prémios que não pagam salários dos jogadores dos três grandes, a realidade é que a passagem à final ou vencer o troféu significa ou 12,5% ou 25% do orçamento da Académica para uma época.”, adiantou.

O treinador dos “estudantes” lançou ainda críticas à competição, ao afirmar que a “prova está mal formatada e tem que ser melhorada”, e avisa que a Briosa “ambiciona tudo o que ainda pode ser atingido”.

“Esta competição está mal formatado, tem que ser melhorada, tem que ser respeitada por parte de todos os intervenientes e não me parece que assim seja, e quando assim é, arrisca-se a perder patrocinadores. Este patrocinador é bom, há bom dinheiro envolvido e as equipas pequenas precisam deste dinheiro. Portanto, não tratem a Académica como um anexo! Queremos ambicionar tudo o que ainda temos para jogar e falo da meia-final e da final, que ambicionamos jogar. Creio que já há propostas para mudar a Taça da Liga para o próximo ano, para que os clubes pequenos não sejam tratados como o anexo da competição. Temos de ser bem tratados, de forma legítima e honrosa.”, adverte.



“O que nos vale é que os adeptos acreditam em nós”

Vão ser muitos os adeptos da Académica que se vão deslocar ao Estádio do Dragão para apoiarem a equipa e André Villas Boas sabe bem que esse apoio pode vir a ser fundamental para a Briosa, até porque a equipa “está no limite das suas capacidades”.

“É motivador mas estamos no limite das nossas capacidades. Os grandes queixam-se, até o Jesualdo Ferreira pediu um esforço extra aos seus jogadores no final da partida com a Naval. Isso para nós é trabalho árduo. É difícil gerir o esforço e aqui conta sobretudo o emocional e a motivação, o desejo e a manutenção. Penso que o FC Porto tem 95% de hipóteses. O que nos vale é que os nossos adeptos acreditam e levam para aí 20 autocarros. Se eu pudesse pedia-lhes para meterem os autocarros em frente à baliza para chegarmos aos penaltis. A realidade é esta: jogamos numa quarta-feira, no Dragão, com o tetracampeão nacional, em apenas uma semi-final… É uma luta completamente desigual. A equipa anexada vai tentar fazer qualquer coisa.”, disse.

O técnico dos “estudantes” falou ainda do “orgulho” que a equipa sente quando se fala dos adeptos que tem, e prova disso é a forma como a equipa foi recebida em Coimbra após a vitória em Alvalade.

“É um orgulho. A forma como fomos recebidos depois da vitória em Alvalade foi extremamente gratificante. Temos um orgulho enorme pela mobilização que está a ser feita em volta do jogo e temos um sentimento muito forte no balneário. É inegável que foi difícil controlar uma ansiedade que se foi gerando em torno do jogo.”, referiu.

“Temos de nos dar como vencedores desta edição da Taça da Liga”

As palavras de André Villas Boas levaram mesmo os jornalistas a perguntarem-lhe se não estava a adoptar um discurso algo derrotista, mas a resposta do treinador da Briosa foi peremptória.

“Se é um discurso derrotista? Completamente… Tal como as outras equipas fazem relativamente a esta competição. O enquadramento que dão a esta competição é: se passarmos é bom porque estamos na final; se não passarmos, também só perdemos a Taça da Liga, não faz mal, é só 0,1% do nosso orçamento. Esta é a realidade. Claro que pensamos de forma diferente mas não podemos deixar de estar felizes com a obtenção de um sonho, que é a meia-final, e temos de nos dar como vencedores desta edição, independentemente do que acontecer amanhã.”, disse.

André Villas Boas disse ainda que a Académica não é a equipa da moda e avisou que refuta todo esse tipo de rótulos, seja para ele ou para os jogadores.

“Não somos a equipa da moda. Obviamente que ganhámos em Alvalade mas também perdemos em Paços de Ferreira, e já diziam que afinal não éramos tão bons. Não penso que sejamos a equipa da moda. Podemos terminar em oitavo ou sétimo mas também podemos chegar à última jornada para conseguir a manutenção. Refuto esse tipo de rótulos, para mim e para os meus jogadores.”, continuou.



Para finalizar, o treinador da Académica esclareceu a situação do avançado Krum Bibishkov, dizendo que o acordo com o Steaua não está fácil.

“Não está fácil chegar a acordo com o Steaua… Devem algum dinheiro ao Bibishkov, prometeram uma coisa que não cumpriram e pressionar a família Becali na Roménia não é tarefa fácil…”, concluiu.

A Académica viaja então até ao Estádio do Dragão para defrontar o FC Porto nas meias-finais da Taça da Liga, numa partida que será apitada por Pedro Proença, da AF Lisboa.

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