21 de abril de 2016

Fuga à despromoção: as contas dos aflitos para a reta final

Tondela está praticamente condenado e, dado o calendário, vida da Académica também parece muito difícil. Boavista e União da Madeira são os outros emblemas metidos nesta luta que ninguém deseja

A quatro jornadas do fim, começa a dança das cadeiras. Seis equipas, com maior ou menor conforto, procuram fugir aos dois últimos lugares da Liga, que dão guia de marcha para a II Liga. A época 2015/16 entra na fase decisiva e quem não conseguiu fugir cedo às amarguras terá de sofrer até ao final para carimbar a manutenção.

Desta análise deixamos de fora V. Guimarães e Marítimo que, embora nesta altura não tenham a certeza matemática da continuidade na Liga (11 pontos separam-nos do penúltimo com 12 em disputa), só num cenário quase inacreditável acabariam por descer ao segundo escalão. O mais provável é que a manutenção fique selada já este fim de semana.

Mas só estes dois emblemas o irão conseguir. Mesmo que vençam, V. Setúbal e Moreirense, na melhor das hipóteses, cavarão um fosso de oito pontos para o penúltimo, ainda insuficiente, pois ficarão a faltar disputar nove.

Nesta altura, contas exatas ainda não são simples de fazer, pois há demasiadas conjeturas em cima da mesa. Uma delas, por exemplo, pode atirar com o Tondela para a II Liga já nesta ronda: se a equipa de Petit perder em Setúbal, o Moreirense não perder, Boavista e União da Madeira vencerem, a sentença está dada. Cenário que, com tantas hipóteses, não se adivinha provável, mas pode acontecer.

O Maisfutebol analisou o que falta jogar a cada um dos «aflitos» e chegou a uma conclusão: não só por terem menos pontos nesta altura, mas também pelo calendário que terão de enfrentar, Tondela e Académica serão os mais fortes candidatos a descer.

A CLASSIFICAÇÃO ATUAL DA LIGA 2015/16

TONDELA (18º classificado, 20 pontos)


O 'forcing' recente do Tondela pode não chegar


31. V. Setúbal (fora)

32. Rio Ave (casa)

33. Paços de Ferreira (fora)

34. Académica (casa)

Naturalmente, o caso mais dramático. Não bastasse a situação difícil em que se encontra, o Tondela está privado de ter o seu treinador no banco nas próximas três jornadas. Isso significa que, na prática, Petit só irá orientar a equipa frente à Académia, na ronda final, num jogo que até poderá ser de despedida para…ambas as equipas.

As contas do Tondela são fáceis de fazer: todos os pontos são necessários. Ganhar os jogos em casa não chega de certeza e mesmo vencer três dos quatro embates que faltam pode não ser suficiente. Num cenário perfeito terminaria a Liga com 32 pontos que…também podem não chegar, dependendo do que fizerem os rivais.

Nesta altura, de resto, parece mais simples para o Tondela, embora também difícil, tentar fugir ao último lugar.

ACADÉMICA (17ª classificada, 24 pontos)

O calendário não é nada amigo dos Estudantes


31. FC Porto (casa)

32. União da Madeira (fora)

33. Sp. Braga (casa)

34. Tondela (fora)

Os dois pontos que separam a Académica das equipas acima da zona de despromoção nem parecem nada de extraordinário, mas quando se olha para o que falta jogar à equipa de Filipe Gouveia, percebe-se que pode ser muito dura a vida da «Briosa».

Com os dois jogos no conforto do lar a serem frente a rivais do calibre de FC Porto e Sp. Braga, percebe-se que o final de época pode não correr nada bem. Se não conseguir roubar pontos em casa ao terceiro e quarto classificados da Liga, a Académica terá, obrigatoriamente, de fazer o que ainda não conseguiu este ano: ganhar fora de portas.

O jogo com o União da Madeira, na 32ª jornada, ganha ares de autêntica final para as duas equipas. Uma espécie de «matar ou morrer», em que a igualdade poderá servir melhor as intenções madeirenses, que têm dois pontos a mais nesta altura.

Depois, há apenas o jogo com o Tondela em casa, na última ronda, numa altura em que tudo pode estar decidido…

UNIÃO MADEIRA (16º classificado, 26 pontos)

Receção à Académica é o jogo chave para o União


31. Sporting (fora)

32. Académica (casa)

33. Boavista (fora)

34. Rio Ave (casa)

Luís Norton de Matos já assumiu que a deslocação a Alvalade não entra nas contas imediatas do clube. A ideia passa por poupar alguns jogadores, sobretudo os que estão em risco de castigo, para a final da 32ª ronda, frente à Académica.

Esse pode ser o jogo chave da época unionista, embora ainda haja uma deslocação ao Bessa a ronda seguinte, sendo que os madeirenses não se podem dar ao luxo de perder pontos para os dois rivais diretos.

O desejo da equipa passa por fazer da última ronda, em casa, frente ao Rio Ave, um jogo para cumprir calendário.

BOAVISTA (15º classificado, 26 pontos)

Vencer os jogos no Bessa deve chegar ao Boavista


31. Belenenses (casa)

32. Moreirense (fora)

33. União da Madeira (casa)

34. FC Porto (fora)

Vencer o Belenenses, que já garantiu matematicamente a manutenção, já esta sexta-feira significaria um passo de gigante, praticamente decisivo, para fugir à despromoção. Os do Bessa ficariam com 29 pontos e ainda com a possibilidade de enfrentar, no seu estádio, um rival direto, caso do União da Madeira na penúltima jornada. Pelo meio há uma deslocação a Moreira de Cónegos, num jogo que pode significar a manutenção garantida para os de Miguel Leal ou até para ambas as equipas.

O pior cenário para o Boavista é deixar tudo para decidir na última ronda. Porque mesmo que não esteja com o fulgor de outros tempos e nessa altura, certamente, jogue apenas pela honra, certamente o FC Porto quererá uma despedida feliz de uma época para esquecer.

A chave para não complicar passa, portanto, por bater os do Restelo, outrora rivais na luta pelo estatuto de quarto grande em Portugal.

MOREIRENSE (14º classificado, 29 pontos)

Apesar da época irregular, o Moreirense deve conseguir a manutenção


31. Nacional (fora)

32. Boavista (casa)

33. V. Guimarães (fora)

34. Marítimo (casa)

Para a equipa de Miguel Leal, a garantia da manutenção parece ser uma questão de tempo. A vantagem de cinco pontos para a linha de água, com doze em disputa, dificilmente não será suficiente para confirmar mais uma época do Moreirense entre os grandes.

É verdade que o calendário não é fácil, saltando, porém, à vista a receção ao Boavista, na 32ª jornada, por ser frente a um rival direto. Todos os outros adversários até ao final são equipas que não terão outro objetivo que não conseguiu a melhor classificação possível. Ou seja, jogarão sem pressão, o que funciona sempre como um pau de dois bicos: tanto podem baixar o ritmo como jogar o jogo pelo jogo…

V. SETÚBAL (15º classificado, 29 pontos)

Bater o Tondela significa acabar com a agonia sadina


31. Tondela (casa)

32. Sp. Braga (fora)

33. Sporting (fora)

34. Paços de Ferreira (casa)

Vencer o Tondela e arrumar a questão. É esta a missão do Vitória Setúbal para esta 31ª jornada. Em caso de vitória praticamente atira o rival para a II Liga e chega aos 32 pontos, que deixarão a confirmação matemática da manutenção muito perto.

Para isso, é preciso quebrar o atual ciclo negro de 11 jogos seguidos sem vencer, uma vez que os sadinos têm vindo a colher frutos da excelente primeira volta. E esta é mesmo a melhor altura para o fazer, porque se falhar na receção ao último, as contas podem ficar difíceis.

É que depois do Tondela, o Vitória vai enfrentar Sp. Braga e Sporting, sempre fora de casa, e recebe na última jornada o Paços de Ferreira, que ainda poderá, por essa altura, acalentar esperanças de um apuramento europeu.

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